Continuando 1

"Fechei a boca”, tomei remédios fortíssimos, fiz clínica estética, fiz regimes mirabolantes, fiz promessa pra santos, prometi até dinheiro pra gordura ir embora... kkkkk disse que se ela me deixasse eu pagaria uma pensão pra ela sempre se manter distante, mas ela é mais teimosa do eu... Me vez conviver com ela até hoje!

Ela sempre me rodeou sempre, desde criança... Bom, consegui perder 11 dos 20 quilos que havia engordado para fazer a cirurgia, fui ao casamento de um dos meus primos estava bem comigo. O peso foi voltando aos poucos e quando vi... Suspirei e disse tá, vamos continuar convivendo!

Mas a gordura para nós gordos é um constante tapa na cara, perdi oportunidades de bons empregos não porque eu não era capacitada pra realizar as funções, mas por que era gorda.

Em entrevistas de trabalho eu era medida pelo meu tamanho, não pela minha capacidade de executar uma tarefa. Ou era contratada para realizar os piores trabalhos, como ex: burro de carga, ela é gorda a manda puxar carrinho, pegar peso, afinal precisa emagrecer... Eram coisas assim que eu ouvia e vivia... Deus é testemunha de quantas e quantas não foram às vezes que eu sorria durante o dia, mas que ao deitar o travesseiro era meu melhor amigo,sempre enxugando minhas lágrimas. 

Já fui demitida, pois a gerente desfazia de mim, pois eu era gorda, e isso incomodava o olhar dela sobre minha imagem. E isso aconteceu justamente em um momento em que eu nem tive forças pra brigar, pois foi quando perdi minha avó paterna. Saudades eternas dela... 

Ela sempre me chamava de “meu mundão”. Ela era de uma época em q ser gordo era sinônimo de fartura em casa, coisas de pessoas das antigas....saudades dela! Para de falar senão choro. Te amarei eternamente Dona Jesuína Santana Gabriel – Dona Dina.

Ninguém que nunca sofreu preconceito por ser gordo, pode dizer que sabe ou entende o que passamos, ou como nos sentimos. 

Só quem é gordo que sabe quantos olhares tortos recebemos, quantas piadinhas sofremos, quantas vezes nos sentimos o coco do cavalo do bandido.

Na adolescência sofri muito, muito mesmo eu nunca era a menina paquerada, era rodeada de “amigos”, mas era por que eu  fazia as vezes de cupido da galera, todo mundo “ficava”, menos eu, ninguém queria ficar com menina gorda! 

Enfim, eu ficava feliz só pelo simples fato das minhas “amigas” estarem felizes, me satisfazia de migalhas da felicidade alheia. (Continua...)